Operação Oceano: os impactos do plástico para a vida marinha
Sofá, armário, tênis, guarda-chuva, pneu, capacete… Tudo quanto é tipo de lixo é possível encontrar na extensão da Praia da Avenida, em Maceió. Todo o lixo que vai parar na praia vem do Riacho Salgadinho e a consequência é poluição e morte de animais.
Na areia da praia, um cágado morto, provavelmente por causa da poluição. Mais à frente, uma sacola de lixo com marcas dos bicos das aves. Plástico que, certamente, foi parar no sistema digestivo do animal e pode causar a morte.
O professor Robson Santos é pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Há 15 anos ele estuda a poluição por plástico no mar. Junto com os alunos, pesquisa o lixo que aparece nas praias de Ponta Verde e Jatiúca.
“Se você for dar uma olhada na praia aqui, você vai encontrar copo descartável, tampinha de refrigerante… e quando você vai olhar os animais, têm itens semelhantes dentro deles também. Isso tem causado efeitos negativos sobre eles. A gente tem alguns animais que morrem por ingestão de plástico, mas também tem um efeito crônico, porque ele vai ficando com a saúde debilitada. Então, por mais que ele não morra necessariamente, ele fica com a saúde debilitada e isso vai impactar todo o resto do ciclo de vida dele”, explica o professor.
“A gente está avaliando o plástico que tem na areia, o plástico que está chegando no mar e também nesses animais, principalmente nos peixes, porque é o peixe que a gente consome inclusive, e eles estão ingerindo plástico. No último trabalho que a gente fez, a gente encontrou mais de 1.500 espécies ingerindo plástico, de inseto a baleia. Então a gente tem o plástico numa extensão generalizada pela fauna, seja terrestre, de água doce ou marinha”, descreve Robson.
Em Maceió, uma obra está sendo feita para acabar com a poluição do Riacho Salgadinho, mas esse problema parece bem longe de ser resolvido. Enquanto isso, máquinas retiram o lixo na Praia da Avenida, mas a destinação correta do lixo não parece acontecer. O que se vê, à beira-mar, são amontoados de lixo.
O Instituto Biota é referência no resgate e na pesquisa com animais marinhos em Alagoas. A tartaruga é o símbolo do trabalho do Instituto, e a causa da morte delas é identificada, na maioria das vezes, pela ingestão de plástico. Os animais confundem o material com algas.
“O que a gente acha no oceano é um reflexo do que a gente está vivendo aqui na terra. Então, todo o lixo, para deixar claro, é gerado no continente e é carreado por meio de chuva e vai para o oceano. Então o que a gente faz na cidade, chega no mar. O ponto zero é o mar. Não importa se você não jogou seu lixinho no mar. Se você jogou inadequadamente dentro da cidade, uma hora ou outra ele vai parar no mar. Então esses animais vão ingerir, vão morrer ou a gente vai ingerir esse lixo também”, diz o presidente do Instituto Biota.
Assista ao terceiro episódio da série “Operação Oceano”:
A série “Operação Oceano”, produzida pelo Pajuçara Social, do Pajuçara Sistema de Comunicação (PSCOM), mostra como o oceano – que presenteou Maceió com lugares deslumbrantes como as piscinas naturais da Pajuçara -, fomenta o turismo e, consequentemente, a economia. Jangadeiros e comerciantes vivem do mar, tirando sustento da família, e dedicando suas vidas às águas do atlântico. A série conta com reportagens de Ivan Lemos, imagens de Vasni Soares, produção de Adriana Leite, edição de Bruno Góes e edição de imagens de Luciano Aureliano.