O Gugu desta quarta-feira (20) foi bombástico. O apresentador exibiu entrevista que fez com Roberta Close após dez anos de silêncio para a imprensa. Entre outros assuntos, a atriz falou detalhes de sua intimidade e revelou ter nascido hermafrodita.

Gugu conseguiu entrevistar a celebridade após muito custo. Ele contou que as negociações duraram meses e, finalmente, conseguiu convencê-la a conversar. O apresentador foi até Zurique, na Suíça, cidade em que ela mora atualmente, exclusivamente para a entrevista. Roberta o recebeu em um hotel.

Ela, que está com 50 anos, abriu o jogo sobre tudo e mostrou estar feliz com a presença de Gugu.
— Estou muito feliz que você veio até aqui.

O apresentador tinha em mãos uma biografia da modelo que revelava que ela tinha sofrido muito na infância.
— Eram muitos castigos…apanhava de chinelada e cinto

Roberta não era aceita como mulher e, por isso, aos 14 anos deixou sua família.
— Eu acho que precisei muito mais de atenção por ter saído muito jovem do relacionamento familiar, quase sendo obrigada, porque não foi uma escolha minha. Foi uma situação em que me obrigaram a sair do constrangimento, porque era tudo muito difícil.

— Minha mãe sempre me apoiou, mas, por outro lado tinha o castigo. Apanhava muito.

Roberta não é transexual ou travesti. Gugu leu em sua biografia que ela afirma ter nascido hermafrodita e resolveu, de uma vez por todas, tirar suas dúvidas.

Roberta explicou que nasceu com genes masculinos e é considerada pseudo-hermafrodita feminina.

— O hermafrodita nasce complicado. Existe falta de esclarecimento, não sou médica, mas posso dar explicação de como funciona porque passei por muitos legistas. Somos todos humanos, alguns com defeitos. Acho que a humanidade é especial por causa da diversidade.

Para entender a situação, Gugu foi atrás de um especialista. Dr. Jalma Jurado, cirurgião, esclareceu as dúvidas.

— Hermafrodita é um termo da mitologia grega que nasceu da história de que dois deuses, Hermes e Afrodite, se uniram e formaram os dois sexos. Então, quando as pessoas nascem com ambiguidade, não se sabe se é do sexo masculino ou feminino, usa-se esse termo. Mas não é mais usado na medicina.

Dr. Jalma explicou que a identificação do hermafrodita pode ser feita por médicos.

— No caso de Roberta, que diz ter nascido uma hermafrodita feminina, pseudo-hermafrodita, os órgãos dela são masculinos e na cabeça ela sente que devam ser femininos. Os métodos para descoberta são de exame físicos e laboratoriais. É possível chegar a essa conclusão em termos médicos.

Em seu RG, por exemplo, Roberta chamava-se Luiz Roberto. Após muito tempo ela conseguiu reverter a situação. — Foram 15 anos para conseguir mudar o nome, mas o nome em si não era um problema. O problema era o gênero.

Ao Gugu, ela contou que teve que se alistar no exército e a situação foi constrangedora. Ela revelou que o oficial, visivelmente sem jeito, nem chegou a examiná-la e, claro, a dispensou do serviço. Roberta se tornou símbolo sexual no Brasil e mundo e foi peça importante na luta contra o preconceito.

— Apanhei na rua às vezes. As pessoas não lidavam muito bem com isso. Me traz sofrimento pensar porque tão jovem eu fui obrigada a passar por tantos obstáculos.